"O discurso do rei" ganhou o Oscar.
É um filme simples para os padrões "Avatar" de hoje em dia. Não há grandes efeitos especiais, é indiferente ser assistido em 3D...
Mas como é que um filme destes ganha o Oscar???
Talvez porque seja um filme "de atores". Não há efeitos especiais. Só tem os atores na tela mesmo, fazendo o que sabem fazer e que fazem com perfeição. O Colin Firth ganhou o Oscar de melhor ator, mas todos os atores, sem exceção, estão perfeitos em seus papéis.
Talvez porque seja um filme que você possa levar sua mãe, pai, avó, filho para assitir. Não tem tiroteio, ninguém é fatiado com uma serra elétrica, não espirra sangue no rosto de ninguém, ninguém é surrado, não tem traficante drogado falando "Fuck you, man" a cada 3 minutos, não há cenas de sexo explícito tórrido e selvagem...
Talvez porque os cenários e roupas de época são bonitos, apesar de serem pouco variados. Mas no contexto geral, isso realmente têm pouca importância.
Talvez porque é uma história de superação em muitos sentidos. A vida nos impõe desafios que não são de nossa escolha e temos de enfrentá-los. Geralmente estamos a altura deles, somos "a pessoa certa no lugar certo", mas ficamos em pânico diante de certas situações porque só conseguimos ver o que não somos, porque nos baseamos naquilo que os outros vêem em nós. E a única coisa que o rei achava que todos viam nele é que ele era gago.
Talvez porque a imagem daquele rei gago e relutante seja o resumo das dificuldades que cada um de nós tem na vida. Cada um de nós tem uma "gagueira" na alma.
Eu tenho pavor de falar em público! A cena em que o rei olha para o microfone diante da multidão e não sai sequer um som da boca dele, para mim, foi como ver num espelho a minha situação. Não há como a gente não criar uma empatia imediata com a dor e a dificuldade do rei, seja lá qual for a nossa "gagueira".
Mas o melhor de "O discurso do rei" é que uma história sobre o poder da amizade. Sobre como conseguimos superar os momentos mais difíceis se temos amigos sinceros com quem contar e o apoio dos que nos amam. É uma história sobre a cura que vem do coração e não da medicina.
Se você ainda não foi assistir "O discurso do rei", não perca.
É um daqueles filmes raros hoje em que dia, em que a gente sai do cinema mais leve e com um sutil sorriso de vitória no canto da boca.
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