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segunda-feira, 2 de maio de 2011

Livraria Cultura no Rio de Janeiro - Ecio Pedro

Li no Globo que a Livraria Cultura, com lojas em São Paulo,
Brasília, Campinas, Porto Alegre, Recife, Fortaleza e Salvador,
finalmente abrirá duas filiais no Rio, no segundo semestre, uma no
Shopping Fashion Mall e outra maior no antigo Cine Vitória, no centro
da cidade.
Incrível como uma livraria do porte da Cultura tenha demorado tanto
para se instalar no Rio, considerando que a loja de São Paulo foi
inaugurada em 1969. Há dois anos conheci a filial de Recife e confesso
que fiquei impressionado com a variedade de títulos de livros, cds e
dvds disponíveis. Imagine a maior delas, em São Paulo.
A Cultura tem tudo para oferecer uma forte concorrência à Saraiva e à
Travessa, outras duas gigantes que "engoliram" as livrarias menores e
mais tradicionais da cidade. A vítima mais recente foi a Letras e
Expressões, que fechou as portas de sua loja no Leblon (a última!!),
há duas semanas.
A propósito de livros, andei lendo na internet sobre a autobiografia
de Sylvia Beach (Shakespeare and Company, uma livraria na Paris do
entre-guerras - Editora Casa da Palavra), fundadora de uma das
livrarias mais charmosas de Paris (foto em anexo), cujo perfil nada
tem a ver com as modernas megastores que dominam o mercado brasileiro.
A história da livraria revela uma das personalidades mais
interessantes da Europa no século XX.
Frequentado por escritores e intelectuais, dentre eles Hemingway,
Fitzgerald, Gertrude Stein e James Joyce, o local tornou-se centro da
agitação cultural dos anos 20 e 30 em Paris. Sylvia Beach,
proprietária e fundadora, foi a primeira editora a publicar "Ulisses",
obra singular de James Joyce, que até hoje desafia os leitores por sua
narrativa extensa, hermética e incomum.
Em dezembro de 1941, durante a ocupação alemã, Beach protagonizou um
episódio memorável de resistência, ao negar-se a vender a um oficial
nazista o último exemplar disponível de "Finnegan's Wake", também de
Joyce e assinado pelo autor. Com a ameaça de ter todo o estoque de
livros confiscado, ela fechou o estabelecimento e escondeu o acervo.
Nunca mais, porém, voltaria às atividades.
A livraria só reabriria em 1951, em outro endereço, por iniciativa do
americano George Whitman, sobrinho distante do poeta Walt Whitman. Em
homenagem à Beach, que frequentaria o local até morrer (em 1962), o
novo proprietário batizou a filha com o nome de Sylvia Beach Whitman.
A trajetória de vida dessa mulher extraordinária me faz lembrar que
algumas pessoas vêm ao mundo com uma missão especial que as torna
ícones e exemplos para todos nós. O eco de seus pensamentos, palavras
e atitudes permanece por gerações, estabelecendo ou consolidando os
valores que servem de base para nossa civilização.
 

Ecio Pedro

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