Pesquisar neste blogue

segunda-feira, 30 de maio de 2011

O caseiro do Piauí e a camareira da Guiné, por AUGUSTO NUNES (Angela Lima)

O caseiro do Piauí e a camareira da Guiné
Por AUGUSTO NUNES
 
 

 

Nascido no Piauí, Francenildo Costa era caseiro em Brasília. Em 2006, depois de confirmar que Antonio Palocci frequentava regularmente a mansão que fingia nem conhecer, teve o sigilo bancário estuprado, a mando do ministro da Fazenda.
 
Nascida na Guiné, Nafissatou Diallo mudou-se para Nova York, em 1998, e é camareira do Sofitel há três anos. Domingo passado, enquanto arrumava o apartamento em que se hospedava Dominique Strauss-Kahn, foi estuprada pelo diretor do FMI e candidato à presidência da França.
 
Consumado o crime em Brasília, a direção da Caixa Econômica Federal, Ministros e o próprio Governo Lula/PT absolveram liminarmente Palocci, e acusaram a vítima (Francenildo) de ter se beneficiado de um “estranho” depósito no valor de R$ 30 mil. Francenildo explicou que o dinheiro fora enviado pelo pai. Por duvidar da palavra do caseiro, a Polícia Federal, a mando do governo, resolveu interrogar Francenildo, até ela  admitir, horas mais tarde, que o que dissera o caseiro, desde sempre, era verdade.
 
Consumado o crime em Nova York, a direção do hotel chamou a polícia, que ouviu o relato de Nafissatou. Confiantes na palavra da camareira, os agentes da lei descobriram o paradeiro do hóspede suspeito e conseguiram prendê-lo, dois minutos antes da decolagem do avião que o levaria para Paris ─ e para a impunidade perpétua.
 
Até depor na CPI dos Bingos, Francenildo, hoje com 28 anos, não sabia quem era o homem que vira muitas vezes chegando de carro à “República de Ribeirão Preto”. Informado de que se tratava do ministro da Fazenda, esperou sem medo a hora de confirmar, na Justiça, o que dissera no Congresso. Nunca foi chamado para detalhar o que testemunhou. Na sessão do Supremo Tribunal Federal que julgou o caso, ele se ofereceu para falar. Os juízes se dispensaram de ouvi-lo. Decidiram que Palocci “não mentiu” e engavetaram a história.
 
Depois da captura de Strauss, a camareira foi levada à polícia para fazer o reconhecimento formal do agressor. A irmã que a acompanhava assustou-se, quando descobriu que o estuprador é uma celebridade internacional. Nafissatou, de 32 anos, disse que acredita na Justiça americana. Embora jurasse que tudo não passara de sexo consensual, o acusado foi recolhido a uma cela.
 
Nesta última quinta-feira, Francenildo completou cinco anos sem emprego fixo. Palocci completou cinco dias de silêncio: perdeu a voz no domingo, quando o país soube do milagre da multiplicação do patrimônio. Pela terceira vez em oito anos, Palocci está de volta ao noticiário político-policial.
 
Enquanto se recupera do trauma, a camareira foi confortada por um comunicado da direção do hotel: “Estamos completamente satisfeitos com seu trabalho e seu comportamento”, diz um trecho. Nesta sexta-feira, depois de cinco noites numa cela, Strauss pagou a fiança de 1 milhão de dólares para responder ao processo, em prisão domiciliar. Até o julgamento, terá de usar uma tornozeleira eletrônica.
 
Livre de complicações judiciais, Palocci elegeu-se deputado, chefiou a campanha de Dilma Rousseff e, há quatro meses, na chefia da Casa Civil, faz e desfaz como primeiro-ministro. Atropelado pela descoberta de que andou ganhando pilhas de dinheiro como traficante de influência, tenta manter o emprego. Talvez consiga: desde 2003, não existe pecado do lado de baixo do equador. O Brasil dos delinquentes cinco estrelas é um convite à reincidência.
 
Enlaçado pelo braço da Justiça, Strauss foi obrigado a renunciar à direção do FMI, sepultou o projeto presidencial que tinha na França, e é forte candidato a uma longa temporada na gaiola. Descobriu tardiamente que, nos Estados Unidos, todos são iguais perante a lei. Não há diferenças entre o hóspede do apartamento de 3 mil dólares por dia e a imigrante africana incumbida de arrumá-lo.
 
Altos Companheiros do PT, esse viveiro de gigolôs da miséria, recitam de meia em meia hora que o Grande Satã ianque é o retrato do triunfo dos poderosos sobre os oprimidos. Lugar de pobre que sonha com o paraíso é o Brasil que Lula e o PT inventaram. 

Colocados lado a lado, o caseiro do Piauí e a camareira da Guiné gritam o contrário.
 
Se tentasse fazer lá o que faz aqui, Palocci teria estacionado no primeiro item do prontuário. Se escolhesse o País do Carnaval  para fazer o que fez nos Estados Unidos, Strauss só se arriscaria a ser convidado para comandar o Banco Central. A camareira seria demitida e processada, e ela e/ou o hotel teria de pagar alta indenização ao estuprador.

O azar de Francenildo foi não ter tentado a vida em Nova York. A sorte de Nassifatou foi ter escapado de um Brasil que absolve o criminoso reincidente e castiga quem comete o pecado da honestidade.
                                                                                
__._,cid:2.3961302807@web34405.mail.mud.yahoo.com_.___
  
 
 

Sem comentários:

Enviar um comentário